lunes, 3 de agosto de 2009

DESDE FORTALEZA - BRASIL - Dos textos de nuestro amigo Carlos Augusto Lima

DOIS POEMAS DA MORADA , CON TRADUCCION DE ESTER ANTON


1.

nunca serei digno desta morada num segundo andar de um carcomido edifício onde percevejos e escorpiões maltratam sua cabeça, mas o vinho é bom, um meticuloso aroma irrompe do gargalo escuro. tento dizer algo inteligente para você, você a quem me dirijo sempre, para dizer: como pode? eu deixo você dizer qualquer palavra a respeito do seu vestido bordado de flores azuis, adornos sem nome no meu vocabulário ruim, da rua vazia onde você me abraça forte. rua onde você me deixa. dos meus projetos futuros quero retirar algo que desprezo no jardim. o que não serve há de me caber. lustre, alpercatas, cinzeiro com casco de ostra, livros. com linha e agulha transcrevo minha lista de nadas pelo seu vestido. me sinto mais seguro às 2:45, pois meu plano de visão se alarga e a madrugada é mais doce. estarei em casa em alguns segundos. fecho os olhos e acelero: o seu vestido.



Nunca seré digno de esta morada en un segundo piso de un carcomido edificio donde chinches y escorpiones maltratan tu cabeza, pero el vino es bueno, un meticuloso aroma irrumpe del gaznate oscuro. Intento decir algo inteligente para ti, a ti, a quien me dirijo siempre, para decir: como puedes? Te dejo decir cualquier palabra con respecto a tu vestido bordado de flores azules, adornos sin nombre en mi vocabulario malo, de la calle vacía donde me abrazas fuerte. Calle donde me dejas. De mis futuros proyectos quiero retirar algo que desprecio en el jardín. Lo que no sirve tiene que caberme. lustre, chanclas, cenizero con cara de ostra, libros. Con línea y aguja transcrivo mi lista de nadas para tu vestido. Me siento más seguro a las 2:45, pues mi punto de vista se alarga y la madrugada es más dulce. Estaré en casa en algunos segundos. Cierro los ojos y acelero: tu vestido.




2.

costumo freqüentar suas moradas com reverência e temor. para não arrastar os móveis e poder acordar alguém. alguém que mora num sobrado bonito como sempre sonhou meu pai. ao mesmo tempo, tirei o dia para ver os cargueiros que atracam no porto raso da minha cidade. há uma história patética e desordenada aí. mas não é hora de contá-la. tomara consiga acordar tranqüilo amanhã, pois me aguarda uma manada de búfalos e porcos-espinhos. mas não se diz manada de porcos-espinhos, mesmo no sentido mais figurado. o máximo que posso é me desculpar. ainda mais quando piso a madeira nova da sala com a planta dos pés entornada de piche, algas, que formam uma crosta em mim, que retirarei com uma faca, que cortarei os dedos. e tudo isso me trará esse sufoco, uma contrapartida a esta manhã tão clara que me atravessa em cheio a ampla vidraça em um sétimo andar da esplanada dos ministérios. aproveito para revelar que há um automóvel utilitário circulando nas vias principais. o mais novo segredo da indústria automobilística maltrata os olhos com um amarelo aberrante. vejo fagulhas e pólvora e marcas de pneu. tudo faz sentido. você percebe?



Acostumbro a frecuentar tus moradas con reverencia y temor. Para no arrastrar los muebles y poder despertar a alguien. Alguien que vive en un excesivo bonito como siempre soñó mi padre. Al mismo tiempo, encontré el día para ver los cargueros que atracan en el puerto plano de mi ciudad. Hay una historia patética y desordenada allí. Pero no es hora de contarla. Ojalá consiga despertar tranquilo mañana, pues me espera una manada de búfalos y puerco espines. Pero no se dice manada de puerco espines, ni en el sentido más figurado. Lo máximo que puedo es disculparme. Aún más cuando piso la madera nueva del salón con la planta de los pies llena de alquitrán, algas, que forman una costra en mi, que retiraré con un cuchillo, con el que cortaré los dedos. Y todo eso me traerá ese sofoco, una contrapartida a esta mañana tan clara que me atraviesa de lleno la amplia vidriera en un séptimo piso de la explanada de los Ministérios. Aprovecho para revelar que hay un coche circulando en las vias principales. El más nuevo secreto de la indústria automovilísitca maltrata los ojos con un amarillo chillón. Veo chispas y pólvora y marcas de pneumático. Todo tiene sentido. Lo ves?


http://memoriaeprojeto.wordpress.com/

1 comentario:

Unknown dijo...

Queridos amigos da Patagônia, em especial Silvia Iglesias, agradeço o link!Beijos e abraços, Carlos Augusto.